12 de mar. de 2012

Em Kaiserslautern #4 -- Numa terra em que se fala alemão

Não digo que fale alemão muito bem, mas estou muito feliz com meu desempenho nessa língua considerada tão difícil.

As pessoas em geral que nenhuma relação com ela têm reclamam que parece que sempre se está através dela xingando. Eu discordo: fora quando ouço os sotaques austríacos (nos CDs que vêm nos livros com os quais estudamos), tenho sempre a impressão de que a língua fala de um jeito extremamente pacífico, comunicando aquilo que os sons de suas palavras realmente desejam.

Quando ouve-se uma palavra como "schlecht" (leia "chlêrrt" -- lol, isso foi o mais próximo que consegui chegar da pronúncia no português),  é de se esperar que algo ruim a ela esteja relacionado. Mas reflita o leitor: teria a palavra "Blume" (flor -- e o nome de uma guria que há muito conheci v_v) um som tão ofensivo?

Durante o curso (que com o dia de hoje completou duas semanas desde o seu início -- e que ainda durará mais cinco), as aulas, como é de se esperar, são dadas somente naquela que é a língua foco de nosso aprendizado. Como o curso é intensivo (aulas das 8h30 às 12h e das 13h30 às 15h -- ou às 16h45, em alguns dias da semana, mas a professora sempre libera antes), comigo tem ocorrido um fenômeno extremamente interessante: após a aula, passo horas e horas "influenciado pela língua", pensando em alemão. Por isso, às vezes sem nem mesmo perceber (e às vezes forçando -- com o objetivo de obviamente melhorar o meu aprendizado) acabo fazendo planos, pensando na vida, lendo, o que for... retraduzindo para o alemão tudo aquilo que eu faço.

Ao viajar para Trier, nesse último fim de semana, ocorreu-me (na verdade, um colega me deu a grande sacada, mas, enfim) a resposta para uma pergunta que eu tinha já há algum tempo: por que motivo às vezes o alemão têm palavras derivadas do latim tão parecidas com o português (algumas que às vezes nem mesmo o inglês tem -- como se isso indicasse qualquer coisa)? A resposta é: o Império Romano estava aqui! A cidade à qual fomos, Trier, foi fundada no ano 17a.C., ou seja, num tempo em que aqui só se falava latim! [Trier, aliás, foi a antecessora de Constantinopla como "A Capital do Império Romano do Ocidente" (ou do Oriente, não sei -- a Alemanha fica bem no meio, como vou saber?)] Isso explica muito o fato de que palavras como o verbo "fotografieren" (fotografar) e "duschen" (tomar uma ducha) existem no português e são muitíssimo diferentes de "take pictures" (ou ao menos eu não consigo pensar em que verbo seria mais próximo disso, no inglês, pra fotografar) e "shower". (tá, ok, se bem que ninguém fotografava naquela época; e também não sei com que frequência se tomava banho nos tempos do Ímpério Romano v_v -- mas tem outras palavras!)

Anyway, é melhor eu parar de escrever por aqui... tem um monte de "Hausaufgaben" que a professora deu hoje pra a gente fazer e corrigir amanhã e eu ainda nem comecei D=

(um último comentário: se o leitor gosta, assim como eu, da idéia de querer falar várias línguas, querer saber mais e mais sobre como se dá a visão de mundo das pessoas através de sua língua -- porque, como disse um cara chamado Ludwig Wittgenstein, "As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo" --, por favor, não cometa o erro não aprender espanhol. É uma língua fácil pra nós, falantes nativos do português, e, apesar de feinha -- sim, verdade, eu não acho a língua mais bonita do mundo v_v --, aumenta DRASTICAMENTE a quantidade de pessoas com quem no futuro se pode vir a conversar numa língua no mínimo um pouquinho melhor que o inglês)


Buenas...

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