Expletivos
Enquanto procurando por argumentos que mostrassem que o Espanhol não é "derivado" do Português como tem muita gente que de vez em quando supõe (engraçado é que falantes nativos de inglês creio que tendam a pensar justamente o oposto, já que o Espanhol é mais popular), acabei encontrando três artigos da Wikipedia que julguei interessantes.O primeiro deles fala sobre um tal de Atributivo Expletivo, do qual o melhor exemplo que consegui achar foi
This is fucking awesome!
(Isso é realmente incrível!)
A idéia é que o adjetivo ou advérbio não contribui com significado, mas serve como intensificador. Tenho a impressão de que em português essa estrutura não seja lá tão bem desenvolvida quanto em inglês... e que se ela fosse talvez pudéssemos usar o expletivo como infixos, como ocorre em algumas frases do inglês:
This was un-fucking-believable!
(Isso foi in-fucking-acreditável!)
LOL... depois de escrever aqui que eu fui ver que no artigo ali da Wikipedia (eu não tinha lido ainda até o fim) inclusive se fala sobre como o inglês permite infixação dos expletivos.
O artigo da Wikipedia diz também que expletive vem do latim explere, que significa preencher. E outra coisa que também é chamada de expletiva são os Pronomes Expletivos (ausentes no português). Esses pronomes ocupam o lugar dos nossos sujeitos indeterminados em frases como
It is raining today.
(__ está chovendo hoje.)
Esses pronomes ocupam o lugar do que é chamado de Expletivo Sintático, i.e., lugares vazios que precisam ser preenchidos para que a sintaxe "funcione".
Dois videos interessantes
Eu queria muito compartilhar esses dois videos a que assisti já há algum tempo. O primeiro deles é do Vsauce. Apesar de não gostar lá tanto do modo como eles estruturam seus videos (dando informação sobre muita coisa bem pouquinho de cada uma -- e não aprofundando em nada, daí), eu entendo que o objetivo deles é direcionar o espectador interessado naquilo que ele quiser aprender. Assim, um dos links foi o segundo video, que me foi muito interessante:Contato lingual
[Preferi chamar de "contato lingual" pra não traduzir como "contato linguístico" e não ficar explícito que eu to falando do contato entre línguas. Mas não sei se ficou claro, no fim u.u]Nesses artigos da Wikipedia que eu vou linkar a seguir frequentemente eu caio por acidente e, porque eles são tão fortemente relacionados, eu nunca consigo abrir um sem abrir quase todos os outros. Também... eu nunca consegui terminar de ler todos -- porque eles falam todos de assuntos muito relacionados e sempre eu tenho a impressão de que eu não to sabendo de alguma coisa na hora de lê-los.
O primeiro deles fala de contato entre línguas. Os efeitos que esse contato pode ter são vários possíveis. Um primeiro do qual eu gosto muito (e do qual eu tenho sido vítima há algum tempo, digamos assim, porque eu tenho quase todo dia falado com uma pessoa gringa que me obriga a pensar durante algum tempo em inglês) é o empréstimo de palavras entre as duas línguas. Às vezes esse empréstimo é tão forte que o vocabulário inteiro de uma das línguas pode ser substituído pelo da outra -- apesar de o mesmo não ocorrer com as estruturas gramaticais. Outra possibilidade é que ambas as línguas convirjam (é essa a conjugação certa?) para uma situação em que elas sejam menos diferentes do que eram inicialmente.
Outras coisas podem acontecer. Quando uma das línguas tem mais prestígio do que a outra em meio à população onde elas são faladas, essa língua pode, ao longo de muitas gerações, substituir a que tem menos prestígio. Por fim, quando duas populações precisam se comunicar mas não são fluentes em ambas as línguas (i.e., cada membro é fluente em somente uma das línguas), então uma "língua simplificada" pode surgir (que não é a língua nativa de ninguém). Se esse contato entre as duas populações perdurar por tempo suficiente para que crianças nasçam e aprendam a "língua simplificada" como língua nativa, então essa língua pode acabar se tornando um crioulo. Às vezes, porque o prestígio de uma das línguas da população é maior do que o da outra, o crioulo pode "se aproximar" da língua de maior prestígio.
Às vezes, nem mesmo é necessário que duas populações interajam para que a língua da população mude (aliás, às vezes eu penso que isso inclusive tem acontecido no Brasil, que não me surpreenderia se daqui a 150 anos fosse bilingual em inglês -- ou mesmo monolingual em inglês [mas eu não to dizendo que seja isso que vá acontecer u.u] --, apesar de o mais esperado por mim seria que a gente só se orgisse com o inglês um pouco -- e criasse uma coisa bem mais próxima de um Porglish [no puns intended]).
O mais engraçado de tudo pra mim é que realmente tem gente que crê numa tal de "teoria monogenética dos pidgins", que diria que todos os pidgins seriam derivados de um único dialeto (**raising eyebrown**). Esse artigo da wikipedia, por outro lado, linka um outro artigo do qual eu gosto bastante: a "teoria da linguagem bioprogramada" (tradução advinda da versão em galego da mesma página). Apesar de o artigo aparentar dizer que a teoria não funciona muito bem, ela me parece muito próxima da idéia de "gramática universal" super-popular hoje entre lingüistas u.u (mas é verdade que eu acho que entendo pouco demais sobre isso pra querer debater =/)
Bonus
Descobri duas coisas legais hoje enquanto lendo. A primeira é que praeter- em latim é um prefixo que significa além, exceto, e que praeterire é proveniente de praeter + ire e significa desconsiderar, negligir (além de umas outras coisas). Assim, praeteritus significaria desconsiderado, negleto, e seria uma boa forma de se referir ao passado.A segunda é bem mais tri. Matricula é descendente de matrix + ula, onde ulus é um sufixo que se usa para formar o diminutivo (portanto, matricula significaria matrizinha). Mais do que isso... matrix é derivado de mater, i.e., mãe.
Legal, né?
R$
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