Eu posso me incomodar com a freqüência com que se come batata-frita nos almoços, e pode não me agradar o fato de os supermercados não aceitarem cartão de crédito (e nem de débito), normalmente. Eu posso não gostar do fato de que a minha cortina mal me protege contra a tremenda iluminação diária no início da manhã, e também posso ficar até meio aturdido com a idéia de que todos os moradores da Alemanha que tenham algum acesso à "mídia" tenham de pagar imposto por isso (a menos que digam que não têm nada em sua casa -- já que os trabalhadores da empresa que dá conta disso não podem entrar nas suas casas para verificarem qualquer coisa). Os dias podem ser muito longos no verão (o que eu acho ruim) e os alemães em geral podem ser bem inflexíveis com horários; mas UMA coisa tem me deixado TOTALMENTE fora do sério e não tem relação com qualquer uma das coisas acima citadas: o meu chuveiro.
Eu moro no quarto andar do meu prédio e é aceitavelmente esperado que a força da água não seja das melhores. Paradoxalmente, ela é! Mas só às vezes! E é aqui que mora o problema: freqüentemente, a água simplesmente vai perdendo força, perdendo força, perdendo força, até o ponto em que não haja mais água suficiente para que um certo pininho do chuveiro se mantenha ativado e então a água pare. Sério... desmotivante! Se eu não posso reclamar do frio -- o meu banheiro é sempre quentinho, graças à maravilhosa calefação --, eu não tenho como não reclamar do chuveiro. Logo, ela volta (eu fico segurando o pininho pra ele não cair e a água continuar saindo enquanto ela tá fraca), depois de uns 40segundos, e o banho volta ao normal... não fosse por um outro problema:
A água também esfria! Às vezes, do nada, ela está normal, na temperatura perfeita, e, quando vejo, de repente, ela está fria! Completamente fria! Por causa disso, minha reação imediata (contra a qual aprendi a lutar) é movimentar o registro um pouco para a esquerda (o registro da água é uma alavanca: para a esquerda fazemos a água esquentar e para a direita fazemos a água esfriar) e esperar até que a água passe a esquentar. Aprendi a lutar contra essa reação porque, alguns segundos depois, quando a água quer "voltar à sua temperatura normal", ela está muito quente, porque o maldito registro foi movimentado para a esquerda.
Minha teoria: eu tenho, por algum motivo (alguém tem que ter, afinal), literalmente, a menor prioridade sobre a água quente em todo o meu prédio. E também tenho uma das menores prioridades sobre a água. Quando os meus vizinhos começam a usar sua água quente pra o que quer que queiram fazer com sua água quente, eu fico sem a minha água quente. Por que eu tenho a menor prioridade? Sei lá! Acaso! Por que eu acho que isso não ocorre com todos: porque eu já perguntei aos outros brasileiros que moram também no último andar, e nenhum deles relatou problema parecido. Aliás, por muito acaso, os chuveiros deles não são estranhos, com alavanca, o que me leva a crer na possibilidade de o cara que estava aqui antes -- que quebrou a porta (motivo pelo qual eu tenho a única porta diferente, que abre por fora, do prédio inteiro) -- também talvez tenha sutilmente quebrado o registro do chuveiro durante a sua estadia (talvez pelos mesmos motivos que me levam a escrever nesse blog no momento).
Mesmo assim, é verdade que eu passo bem menos trabalho do que se estivesse no inverno brasileiro: apesar de chuveiro chato (o que eu tinha no Brasil sempre foi ótimo), não se sente nunca frio nenhum [e essa frase é para aqueles que adoram as duplas negações do Português], mesmo quando a temperatura lá fora está abaixo do 0.
Uma última reclamação: putz... que ralo bem fiadapu! O ralo é pequenininho, e facilmente entopível. Mais uma coisa com que me enervar T___T
R$
muito legal!
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