13 de jul. de 2014

Política -- Esquerda x Direita

Sim, essa postagem é sobre este assunto que [não se discute] as pessoas detestam tanto: a política.

A verdade é que, porque eu tenho me interessado um mínimo que seja por filosofia, e, apesar de eu ainda mal ter chegado na parte onde se discutem questões relacionadas ao "lugar do homem na sociedade" ou ao que é "justo" e o que não é, eu tenho querido pelo menos formar (porque já há muito eu me abstenho de fazê-lo) um mínimo de opinião sobre as coisas que tanto se discutem hoje na sociedade. Talvez, inclusive, "formar opinião" não seja preciso o suficiente: é possível que eu conclua preferir não ter uma opinião, e volte à situação da qual eu pretendi sair ao começar a pensar sobre o assunto. O problema é que, enquanto eu permaneço nessa minha inércia, o mundo continua mudando, e, apesar de sem opinião, me parece não mudando de uma forma que eu considere "saudável". Explicarei em mais detalhes tudo... mas, tendo procurado a melhor forma de explicar cada um dos meus pensamentos, acho melhor começar definindo coisas...

Resolvi que quero me focar, nessa postagem, na separação "direita/esquerda", e em quê ela implica (pra mim, pelo menos).

[detalhe que o objetivo da postagem é expor os meus questionamentos, dúvidas, e tudo o que eu já concluí... e ver se alguém tem opiniões que me ajudem a "progredir"]

O espectro Esquerda x Direita

Eu nunca gostei de usar as palavras "esquerda" e "direita" para definir os pensamentos das pessoas. Acho que essas palavras limitam as pessoas a colocar todos os pensamentos em caixas do tipo "bom" ou "ruim". Mais: enquanto hoje eu me considero relativamente "de direita", eu passei uma boa era da minha vida me considerando bastante "de esquerda", apesar de muita gente "mais esquerda que eu" dizer que eu era "de direita"

Além disso, essa má definição torna "o que é esquerda/direita" extremamente subjetivo [aqui, eu tinha escrito algo sobre ditadores/ditaduras passados, mas achei melhor suprimir para não acalorar os ânimos xP Volto a isso daqui a uns parágrafos].

Como eu sempre tive problemas com "subjetividade", eu resolvi redefinir objetivamente esses dois conceitos. Para mim:

Esquerda = Estado forte
Direita = Estado fraco

Notai, assim, que as ditaduras caem graciosamente todas numa única caixinha: a da esquerda (isso não significa que a esquerda seja ruim -- segui lendo u.u). Dessa forma, tanto Fidel Castro quanto Hitler, e tanto Kim Jong-un quanto a ditadura militar, todos são regimes de esquerda. No caso do Hitler, isso concorda com o nome "Nationalsozialismus", do qual Nazismo deriva. No caso da ditadura militar, essa definição "desrelativiza" o fato de haver empresas grandes (a Globo, por exemplo) ganhando dinheiro através do regime, como se isso fosse argumento para "empurrar a ditadura para a direita".

Essa definição, porém, não foi criada para "jogar para a esquerda" os regimes "ruins" (até porque há quem goste da Cuba do Fidel). Foi criada, somente, para me permitir dizer diretamente se um regime está em um ou outro lado do espectro Esquerda x Direita. O que ocorre é que, sem uma definição direta como essa, alguns regimes ficam "negados" por ambos os lados (como o nazismo, que é insistentemente empurrado para a direita, apesar de não me parecer ter qualquer relação com ela). Algo que vale a pena notar é que essa definição não é binária: um regime pode estar em qualquer posição entre os dois extremos, inclusive bem no centro (i.e., não pendendo nem prum lado nem pro outro).

Com base na definição, dizer que alguém "é de direita" é dizer que alguém "é a favor de um estado fraco"; e dizer que alguém "é de esquerda" é dizer que alguém "é a favor de um estado forte".

Dito isso, posso discorrer sobre algumas experiências que tive com política até agora...

A manipulação da informação

Quando entrei no meu curso de Computação, logo vi alguns "movimentos sociais" contra o REUNI (que, na época, estava reestruturando cursos em várias universidades do país). O DCE (que era pró-PSTU), na época, fez uma votação perguntando aos alunos se eles eram a favor ou contra o REUNI. Como me haviam apresentado muitos motivos pelos quais o REUNI "só poderia ser ruim" [e, na minha ingenuidade, aquelas pessoas só poderiam ser idôneas -- afinal, eram estudantes como eu], eu votei contra.

A urna fora posicionada na frente do prédio da Letras, por onde majoritariamente passariam pessoas de cursos cujo pensamento seria contra o REUNI. Além disso, a votação era voluntária e é claro que quem votaria seriam especialmente aqueles interessados em acabar com o programa. Quem não estava interessado, não votava (como era de se esperar).

Alguns meses depois, me deparei com um cartaz do DCE dizendo que mais de 90% dos alunos da UFRGS eram contra o REUNI. Era óbvio que era mentira: a votação obviamente só tinha como público quem interessava. A partir de então me distanciei daquelas pessoas (que agora vejo que não são necessariamente pessoas ruins, mas somente iludidas com seus ideais).

Porque essas pessoas se pareciam com "esquerda" (apesar de na época eu não ter bem essa minha definição de esquerda), eu passei a acreditar que "a esquerda é mentirosa, e portanto a direita é boa". Logo notei, porém, que a "direita" (ou, na real, aqueles que discordavam dos pensamentos daquelas pessoas) era tão boa quanto seus opositores. Eles também manipulam informação. Exemplos são o fato de que a condenação do Tarso Genro por improbidade administrativa não apareceu na Zero Hora, e a parcialidade com que a TV e os jornais trataram as manifestações de rua do ano passado.

A mídia


Até aqui, eu fiz um esforço pra tentar não dizer que algum grupo seja definitivamente "de esquerda" ou "de direita" (toda vez que o fiz, tentei deixar claro que era a minha visão "da época"). Porque o DCE da época era "pró-PSTU", eu o considerava "instrinsecamente" de esquerda. Mas esquerda para mim não era algo claro como o que eu pus alguns parágrafos atrás. Por exemplo: quando eu digo que acho que o governo deveria aproveitar as empresas estatais e mergulhar no capitalismo, competindo através delas com as outras empresas privadas, eu estou (para mim) tendo uma postura super esquerdista (i.e., super "estado forte"). Não era a impressão que eu tinha na época: qualquer coisa que se aproximasse de capitalismo era "direita". E é essa não clareza que torna o uso dessas palavras bastante "maléfico" em discussões hoje em dia.

Agora, olhando pra mídia, eu gosto de pensar que existam dois grandes "grupos" de mídia. Chamarei de mídia "comum" a representada por revistas como Veja e Época, por jornais como Zero Hora (no RS), Folha e Estadão, e pela TV ("personificada" pela Globo e afiliadas). Chamarei de mídias "alternativas" as representadas por revistas, blogs e sites, cujo conteúdo em geral diverge em opinião da mídia "comum".

Em geral, a esquerda (estado forte!) tende a se aproximar e a concordar com o que chamei de mídia alternativa, e a direita tende a concordar com o que chamei de mídia comum. Porém não há nada nesses grupos de mídias que intrinsecamente os jogue para um ou outro lado desse espectro. Nada impede que a Folha de repente passe a ter uma postura super esquerdista, ou que a Carta Capital (sei lá) passe a endossar a privatização de estatais. Apesar disso, elas parecem consistentes em suas opiniões, e, por isso, daqui pra frente passarei a dizer que essas mídias são "de direita" ou "de esquerda".

Os movimentos sociais

Os "movimentos sociais" passam por uma análise diferente, porém similar. Não há nada nos grupos feministas, grupos pelos direitos dos homossexuais e grupos pelos direitos dos negros que defina que eles devam ser a favor de um estado forte. Apesar disso, esses grupos são compostos em geral majoritariamente (minha impressão) por pessoas cujo pensamento é justamente o de que o Estado deveria "tomar conta".

Eu pretendo fazer uma postagem para falar exclusivamente sobre esses movimentos, que, para mim, carregam consigo um conjunto gigantesco de paradoxos e inconsistências; mas algo em que eu diria que eles em geral não são inconsistentes é a sua inclinação no espectro Esquerda x Direita. Decorre dessa inclinação que esses movimentos consomem mídia "alternativa" mais frequentemente do que mídia comum.


Sobre Capitalismo x Socialismo

Tá... mas e onde ficam "capitalismo" e "socialismo" nesse espectro? Como é possível que, se alguém é totalmente a favor de que o Estado mergulhe no capitalismo através de suas empresas estatais, ele seja considerado de esquerda?

Eu não sei. Esses são questionamentos que eu ainda não sei responder. Talvez (é bem possível) a minha forma de ver as coisas esteja errada. Talvez Capitalismo x Socialismo seja um outro eixo hortogonal ao eixo "Direita x Esquerda" do qual eu falei até agora. Ou então seja um triângulo: enquanto o socialismo requer um estado forte (porque eu não vejo como ele não requeira), o capitalismo permite ambas as configurações.

Ou talvez seja impossível que o capitalismo funcione em um Estado forte (porque o Estado não conseguiria ser tão eficiente quanto as empresas privadas e faliria), e aí teríamos um só eixo denovo: Estado forte e socialista x Estado fraco e capitalista.

Tem mais um "eixo" aí sobre o qual eu ainda não mencionei: as liberdades individuais. Como eu enxergo a coisa, o socialismo prevê intrinsecamente um conjunto menor de liberdades que o capitalismo. Digo isso porque o capitalismo permite ao indivíduo trabalhar mais para adquirir mais, permite comprar, vender, ter e dar. O socialismo reprime (algumas de) essas liberdades com a suposição de que isso permitiria ao Estado dar a todos uma quantidade similar de bens. Assim, talvez esse eixo ande "em conjunto" com o eixo "Capitalismo x Socialismo", e, portanto, seja "degenerado" a ele.

Sobre a minha posição atual


Durante muito tempo eu fui especialmente "de esquerda". Eu acreditava que o socialismo permitiria a todos ter tudo o que precisam e muito mais. Eu acreditava que as pessoas não seriam intrinsecamente "ruins" e que aquele que hoje chamamos de "vagabundo" por não trabalhar na verdade é só vítima da "sociedade" ao redor da qual cresceu. Eu queria um Estado forte que interviesse na economia e estatizasse tudo o que funcionasse bem, para poder dividir as riquezas daquela coisa boa com todo o povo.

A primeira coisa que comecei a notar é que estatizar é bem ruim (do meu ponto de vista). Muito do dinheiro que circula no país é estrangeiro, e estatizar amedronta o investidor estrangeiro, que retira seu dinheiro daqui. Mais do que isso, estatizar empresas estrangeiras causa conflitos internacionais que podem tornar as coisas mais difíceis mais pra frente.

Por outro lado, eu sempre tive muito desgosto com privatizações: eu sempre gostei da idéia de que o Estado tenha empresas fortes que trabalhem para o povo e provejam a ele bens básicos, como transporte, eletricidade e água, especialmente naquelas áreas que definitivamente não gerarão lucro (e que portanto não são interessantes ao setor privado) apesar de serem realmente necessárias. Nunca gostei de que essas empresas fossem privatizadas -- a privatização sempre me parece maldita, especialmente quando a empresa era rentável.

Um dos argumentos a favor de um Estado fraco que me convencem, porém, é justamente o fato de que o Estado é constituído por pessoas, que são instrinsecamente falhas e corruptíveis (e, daí, o Estado pode ser no máximo tão bom quanto as pessoas que o compõem). Assim, empresas estatais sempre terão desvios, e nunca serão tão eficientes quanto empresas privadas (onde não gerar lucro leva à falência).

Assim, por hoje, eu sou direita. Acredito que, sim, o Estado deva regular leis, prover coisas básicas como educação e saúde (e moradia?), mas não deva influir na economia. Também acho que ele deva manter forças armadas, pela segurança de seu território.




Enfim... essa é a primeira postagem sobre esse assunto. Provavelmente eu permaneça postando sobre o assunto: porque eu ando interessado (lendo) sobre filosofia, eu tenho pensado um pouco sobre todos esses assuntos, e, sem medo de estar errado, gostaria de dividir minha opinião com o alheio por aqui.

R$

10 comentários:

  1. Segundo a Wikipédia:

    ===
    https://en.wikipedia.org/wiki/Left-wing_politics

    In left-right politics, left-wing politics are political positions or activities that accept or support social equality, often in opposition to social hierarchy and social inequality.[1][2][3][4] It is typically justified on the basis of concern for those in society who are perceived as disadvantaged relative to others and an assumption that there are unjustified inequalities that need to be reduced or abolished.[3]

    https://en.wikipedia.org/wiki/Right-wing_politics
    Right-wing politics are political positions or activities that view some forms of social hierarchy or social inequality as either inevitable, natural, normal, or desirable,[1][2] typically justifying this position on the basis of natural law or tradition.[3][4][5][6][7][8]
    ===

    Então a distinção não é estado forte vs. estado fraco (que é ortogonal), e sim "mecanismos para garantir igualdade" vs. "cada um que se vire". Nesse sentido, as ditaduras [nominalmente] comunistas são de esquerda, enquanto nazismo e facismo são de direita, ambos os lados com estados fortes. Por outro lado, anarco-comunismo e a maioria dos outros sabores de anarquismo são "estados fracos" (estados nulos, actually) de esquerda, enquanto neoliberalismo e companhia posições pró estado fraco de direita. Capitalismo puro ("let market decide") é uma coisa super de direita, enquanto o comunismo clássico ("de cada um segundo sua capacidade para cada um segundo sua necessidade") é uma coisa super de esquerda. Again, tanto capitalismo quanto comunismo* podem funcionar com estado fraco ou forte, em teoria. (* O problema é que "comunismo" normalmente é usado para se referir tanto à forma de governo quanto ao sistema econômico, e normalmente é usado com o sentido "estado forte de esquerda"; mas, como mencionado anteriormente, anarco-comunismo existe.) Além disso, existe um continuum de opções ao longo desses eixos.

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    1. Bááá... parece irônico, mas eu realmente nem tinha ido consultar a wikipedia sobre o assunto.

      Anyways, conversando com um amigo sobre o assunto ontem, depois de ter postado isso, ele me disse que gostava de pensar que:

      Esquerda --> igualdade
      Direita --> liberdade [e não "cada um que se vire"]

      E que, no caso, a direita normalmente a esquerda acabava sacrificando a liberdade em prol da igualdade (já que, convenhamos, é bastante difícil permitir liberdade quando se está tentando impedir que alguns se aproveitem da ignorância/burrice/bocabertice alheia).

      Eu só ainda não entendi por que nazismo e facismo são de direita (a tua implicação pra mim pulou alguns passos que eu não enxerguei =/ ). Isso é porque o nazismo perseguia "minorias"? Mas a sua eliminação não permitiria igualdade? EE... como o nome (algo que eu sempre reforço) "nacional-socialismo" se encaixa nisso? E as muitas obras (que geraram emprego/renda) que o governo nazista fez não eram uma atitude "de esquerda"? [eu sempre "aprendi" que o governo nazista gerou muito emprego e é por isso que ele era tão gostado pelos governados]

      (perguntas Muitas perguntas )



      No mais, fiquei feliz em ter saudavelmente conversado sobre o assunto com várias pessoas sobre o assunto nos últimos tempos. Normalmente essas discussões são repletas de xingamentos, gritos e o diabo, e pouco eu consigo tirar delas ={

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    2. [Só pra deixar claro... "eliminar as minorias" é meio que como "atirar uma bomba na pobreza": obviamente não é a melhor forma de resolver o problema; mas supostamente traria igualdade -- e aí a minha pergunta é sobre se um regime que o fizesse seria de esquerda ou de direita xP]

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    3. Pois é, na real eu não sei com certeza absoluta por que nazismo e fascismo são classificados como direita, mas essa classificação é consenso geral (far-right = estado totalitário fascism-like). Acredito que porque nos estados totalitários de direita diferenças entre classes sociais são esperadas/aceitas, enquanto nos estados totalitários comunistas a idéia é (pelo menos em tese) acabar com isso. Dito isso, essa interferência do estado no nazismo (e.g., criação de obras para geração de emprego) parece uma coisa de esquerda mesmo. Estou começando a achar que essa classificação esquerda-direita é um tanto quanto furada, apesar de ter alguma utilidade. A opinião de alguém mais entendido no assunto seria bem-vinda.

      P.S.: Depois que eu escrevi eu notei que o "cada um que se vire" podia soar pejorativo, mas não foi a intenção. :P On the other hand, direita = liberdade não fecha se for aceito que fascismo é de direita.

      (E por falar em soar pejorativo, "ignorância/burrice/bocabertice alheia" também soa um bocado pejorativo/tendencioso, mas a essas alturas eu estou com um pouco de preguiça de dissertar sobre o assunto. Basicamente o que eu quero dizer é que a origem das desigualdades, em tempos imemoriais, em alguns casos, pode ser ignorância/burrice/bocabertice, mas, depois que elas já existem, ela se perpetua por conta de a burguesia deter os meios de produção etc [insira discurso marxista standard aqui].)

      Eu basicamente parei de discutir política há uns bons anos (basicamente desde que entrei pra Ciência da Computação) por encher o saco de me estressar com o povo / ser ridicularizado. Eu estou me recuperando um pouco agora (não muito, mas o suficiente pra comentar aqui, por exemplo :P).

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    4. P.S.: Quando eu disse "far-right = estado totalitário fascism-like", eu quis dizer "quando se diz 'far-right', normalmente se entende ...". Parabéns, Vítor, acaba de dizer que os eixos são ortogonais e depois larga essa. :P Dito isso, não sei de nenhum sistema far-right que não seja um estado totalitário fascism-like. :P

      P.P.S.: Trecho interessante do artigo linkado:

      Proponents of the horseshoe theory interpretation of the left-right spectrum identify the far-left and far-right as having more in common with each other as extremists than each have towards moderate centrists.

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    5. Bááá... eu demorei pra responder (porque eu queria fazer isso com calma e só poderia fazê-lo no fim de semana). Mas, assim... essa discussão foi boa porque clarificou pra mim alguns aspectos que definem "esquerda" e "direita", e a "horseshoe theory" ali me pareceu trizinha pra explicar como extremas esquerda e direita podem ser tão confusas xP

      No fim, eu concluo que eu deva ser meio de direita mesmo. Eu penso que a sociedade é um reflexo de uma grande "selva", onde quem tem as melhores características sobrevive e quem não as tem morre. O sistema capitalista distorce um pouco essa selva (o que é ruim) permitindo que aqueles que nem são tão bons assim -- mas que são descendentes dos bons -- consigam prosperar (isso é ruim porque os ruins acabam passando adiante os seus genes ruins ). Assim, ele "perpetua" as diferenças sociais já existentes. Isso é claramente um problema: ideal seria se houvesse mecanismos de encontrar os mais capazes (em toda a sociedade) e jogá-los "pra cima", independente da situação em que eles nasceram.

      Apesar desse defeito do sistema capitalista, eu acho estranho querer aceitar que a nossa sociedade tenha chegado a um ponto tal de "evolução" que a gente possa (como o sistema socialista permitiria) simplesmente desconsiderar as fraquezas de cada um e achar que todos têm o direito de bem-suceder, apesar de alguns serem mais capazes que outros.

      Da forma como eu vejo, portanto, deve haver sim uma hierarquia, que deveria ser construída conforme o valor que cada um consegue prover à sociedade. Isso não significa que as pessoas menos capazes, é claro, não possam viver "ok". Um padrão mínimo aceitavelmente confortável deve ser previsto -- inclusive porque ele deve (através da educação) inclusive ajudar a conter o aumento da população (especialmente dos menos capazes).

      [baaa... eu vejo que isso soa muito politicamente incorreto lol]

      Sei lá... eu to totalmente aberto a sugestões. De fato, eu ultimamente to pensando em conversar com as pessoas do matehackers justamente sobre o assunto pra ver o que eles têm a me dizer. O problema é que eu tenho preconceitos (dos quais eu to tentando me livrar) com "movimentos sociais" em geral ainda e eu acho que se a conversa pender pra esse lado (feminismos, racismos, ...) eu vou acabar não tendo estômago pra discussão =/

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  2. Legal, uma discussão sobre política que parece realmente buscar um entendimento sobre o assunto, em vez de descambar para xingamentos e manipulação.

    Eu nunca discuti política porque não tinha certeza se entendia os argumentos e discussões. Aí me dei conta que provavelmente isso não era necessariamente por burrice minha, mas porque (1) as outras pessoas não entendem também e discutem mesmo assim e (2) a maioria das discussões é mais passional do que racional. Ou se for racional usam toda a inteligência do cérebro humano não para construir entendimento, mas para conseguir vantagens para si e manipular os outros...

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    1. Poutz... eu tinha escrito um baita textalhão aqui e por algum motivo o comentário simplesmente não apareceu. (depois eu testei denovo com um "kjhkjhkjh" e apareceu ¬¬)

      Enfim... a idéia básica do textalhão é que na real eu sou passional contra uma tal de esquerda (não necessariamente a esquerda inteira, mas existe uma "parte" da esquerda que me desagrada demais); mas meu problema é que eu simplesmente não sei quem é a tal de esquerda: não sei defini-la de forma objetiva, já que, em muitos aspectos, eu sempre me considerei de esquerda. O que eu quis com a postagem era justamente defini-la; mas foi muito produtiva a discussão com o Vitor porque pelo menos eu aprendi qual o jeito "normal" de defini-la (com base no que diz a Wikipedia).

      Eu não me importo de "discutir" política (especialmente aqui no blog) porque eu não me importo de estar errado u.u (se eu achar que estou então é só eu mudar de opinião)

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    2. > eu não me importo de estar errado u.u (se eu achar que estou então
      > é só eu mudar de opinião)

      Uau, não se vê muito disso por aí. O que mais se vê é "Se eu achar que estou errado, é só manter o discurso e gritar mais alto antes que o outro termine a argumentação" ¬¬'

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    3. Na real, esse meu discurso parece muito bonito; mas é claro que eu vou "manter o discurso e gritar mais alto" até que alguém realmente me quebre as pernas u.u Acho que é algo típico do ser humano... não acho que eu seja de qualquer forma superior nesse aspecto. Mas normalmente quando o assunto é política eu tento (pelo menos tento) ter uma opinião um pouco mais "argumentável" do que em outros assuntos (como religião, por exemplo, em que eu acredito numa verdade absoluta, única e imutável).

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